As antigas ruas de Porto Alegre
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A primeira rua do povoado foi a Rua da Praia. Na margem do lago Guaíba recebeu as primeiras habitações, “um arraial de casas de palha”, conforme relato do cartógrafo Miguel Ângelo de Blasco em 1754.(1)
Saiba mais sobre a Rua da Praia e outras como a Rua dos Nabos a Doze, a Rua Nova, o Beco do Fanha, o Beco do Império e outros.
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(1) Franco, Sérgio da Costa e outros.2004. Os Viajantes Olham Porto Alegre. Porto Alegre, RS. Pag 11. Anaterra Editora.
]]>Todos já ouvimos falar de pontos de nossa cidade que são especiais.
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Júlio de Castilhos Barão do Rio Branco Conde de Porto Alegre Expedicionário Laçador
Gaúcho Oriental Giuseppe e Anita Praça Conde de Porto Alegre Praça Brigadeiro Sampaio Praça XV
]]>Praça Marechal Deodoro – A Praça da Matriz – Centro Histórico de Porto Alegre/RS
No dia 24 de abril de 1763, aproximadamente um ano após a tomada da Colônia de Sacramento, o exército espanhol invadiu o Rio Grande do Sul tomando sua capital, Rio Grande. A permanência dos espanhóis em território português fez com que o governador Ignácio Eloy de Madureira efetuasse a transferência da sede do governo para a cidade de Viamão. Anos após, a pequena vila de Porto de São Francisco dos Casais, entreposto obrigatório para quem pretendesse ir para o Norte do Continente de São Pedro e fixada no topo de uma colina, de onde era possível controlar todo o fluxo de embarcações pelo Guaíba, foi considerada mais apropriada para sediar o centro político e administrativo do estado.
Em 18 de janeiro de 1773, a localidade foi elevada à categoria de paróquia e recebendo o nome de Porto Alegre, o padroeiro São Francisco foi substituído pela Nossa Senhora de Madre de Deus. A transferência definitiva deu-se em 24 de julho de 1773. Uma missa festiva foi celebrada nas obras da Igreja da Matriz, cuja construção iniciara um ano antes, no mesmo local onde, em 1753, o carmelita Frei Faustino de Santo Alberto, vigário de Viamão, instalara um cemitério, sendo concluída em 1794.
Na década de 1770, a Praça da Matriz era conhecida como Alto da Praia. Poucas eram as edificações no seu entorno. Ao longo da Rua Duque de Caxias, então chamada Rua da Igreja havia plantações de trigo. Em 1789 é edificado o antigo Palácio da Presidência (Palácio de Barro) que possuía um mastro que com o pendão do Reino de Portugal. Em 1790 terminam as obras da Casa da Provedoria da Real Fazenda, ao lado do Palácio, que mais tarde passou a abrigar a Assembléia Legislativa e a Capela do Divino que foi construída e demolida mais de uma vez.
Com a Independência do Brasil as bandeiras do País e da Província passaram a dominar os mastros da área. Em 1818 foi concluído o aristocrático Casarão dos Câmara, morada do primeiro Presidente da Província, o Visconde de São Leopoldo, também patrono da imigração alemã, cujas primeiras levas de colonizadores chegaram em 1824.
Embora a Praça da Matriz reunisse as construções mais nobres da acanhada cidade à beira do rio, o logradouro não passava de um terreno com declive acentuado, sulcado pela erosão, sem arborização, iluminação ou calçamento. Junto às fachadas dos prédios públicos havia alguns candeeiros alimentados com óleo de peixe ou de baleia. A primeira calçada para pedestres surgiu em 1846. Partia da Rua do Ouvidor (General Câmara) e subia perpendicularmente em direção ao Palácio, no topo. Dois anos mais tarde, o lado leste ganhou igual passarela de pedra, conectando a antiga Rua do Cemitério (Espírito Santo) até a Rua da Ponte (Riachuelo).
A vida cultural da Província convergiu para o centro cívico em 1858, com a inauguração do Theatro São Pedro. Mas o local apenas começou a ser urbanizado em 1865, quando recebeu o nome de Praça de Dom Pedro II, em homenagem à visita do monarca a Porto Alegre, que viera comandar a defesa do Rio Grande do Sul contra a invasão paraguaia. Em 1866 começa a funcionar na esquina da Praça com a Rua Duque de Caxias, no lado oeste, a Hidráulica Porto-alegrense, cujo projeto, executado em Paris em estilo neoclássico, é datado de 1864. É instalado, então, um chafariz com cinco estátuas de mármore de carrara, quatro delas simbolizando os rios da bacia do Guaíba – Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí e uma, no alto, simbolizando o Lago Guaíba. Das cinco peças originais, quatro encontram-se descaracterizadas na atual Praça São Sebastião (do Rosário) e uma, a que representava o Guaíba foi perdida…
Em 1874, com a inauguração do gasômetro, a Praça da Matriz recebeu postes de iluminação pública a gás no torno do chafariz central. Em 1871, concluiu-se a construção do “Forte Apache”, na esquina da atual Jerônimo Coelho, instalando-se ali a Estação Telegráfica, que fazia a conexão da Província com a Corte do Rio de Janeiro. Ao lado do Theatro São Pedro, foi erigido um edifício gêmeo, destinado inicialmente a abrigar a Câmara Municipal e, mais tarde, o Tribunal de Justiça, reforçando o eixo de acesso pela Rua da Ladeira (atual General Câmara). Do outro lado, o antigo prédio da Bailante (Hidráulica Porto-alegrense), onde hoje se eleva o edifício da Assembléia Legislativa, promovia festas, reuniões e conferências. Do lado leste, na esquina com a Rua Duque de Caxias, ficava o prédio da Intendência Municipal que, em 1901, deslocou-se para o Paço Municipal sede municipal atual. Foi também nos anos de 1870 que começaram a circular, pela Praça, os bondes puxados por jumentos. Chegavam esbaforidos ao topo do promontório, após vencer as ladeiras íngremes do entorno.
Na década de 1880 são executas obras de ajardinamento, arborização e calçamento. O ajardinamento só foi empreendido de fato entre 1881 e 1883, incluindo 20 oliveiras vindas de Portugal. Em 1885, a Praça ganha o primeiro monumento público da capital, executado em mármore pelos escultores A. Pitente e Carlos Fossati e inaugurado pela Princesa Isabel em homenagem ao Conde de Porto Alegre, que foi transferido, em 1912, para a Praça do Portão, atual Conde de Porto Alegre. Nesta época, recebeu um cercamento de ferro.
Em 1887 a usina elétrica começa a operar e o Palácio do Governo foi o primeiro prédio público a usufruí-la. Na mesma época, a Companhia Telefônica iniciou suas atividades, inaugurando uma agência com 72 aparelhos na esquina das ruas Riachuelo e General Câmara (local onde atualmente encontra-se a Biblioteca Pública).
Com a Proclamação da República, a Praça passou a chamar-se Marechal Deodoro, denominação oficial que permanece até hoje. Em 1896 foi lançada a pedra fundamental do novo Palácio do Governo, no mesmo lugar do antigo. A sede do poder transfere-se para o “Forte Apache” até 1921, quando ocupa, parcialmente, o Palácio Piratini. Neste mesmo ano foi lançada a pedra fundamental da nova Catedral Metropolitana. A antiga Catedral e a pequena Capela do Divino Espírito Santo foram demolidas em 1929. Com isso, a Praça deixou de sediar a grande festa popular-religiosa de origem açoriana – Os Fogos do Espírito Santo – extremamente abrangente, contava com a presença de todas as classes sociais. Preparava-se a praça para a quermesse que se incumbia de animar o povo com procissões, música, dança, feiras e até cinema ao ar livre. O novo templo foi concluído apenas em 1986, ao passo que as obras do Palácio foram definitivamente encerradas somente em 1971.
Archymedes Fortini escreveu: “As três horas da tarde, espoucava uma girandola de foguetes e, o sino da Capela do Divino, num respique alegre de fests de festa que anunciava a saída do peditório. Via-se o cortejo das ‘bandeiras’ descendo as escadas do império. (…)” “(…) Sua realização data dos primeiros anos de existência de Porto Alegre”.
Um amplo projeto de urbanização começou a ser pensado para a área a partir de 1906. Previa-se o alargamento da Praça sobre o terreno ocupado pela Bailante, o que daria mais equilíbrio ao conjunto, pois o novo Palácio ficaria no centro da Praça, dominando a área cívica. Dois boulevares paralelos desceriam em direção ao Rio, desdobrando-se um na atual Rua General Câmara e o outro entre o Arquivo Público e o Solar dos Câmara. Conforme o projeto original, confluíam na Praça da Alfândega numa rótula que teria ao centro o monumento a Júlio de Castilhos. O trânsito subiria por um lado e desceria pelo outro, sendo desviado ao largo da Praça, sem passar em frente ao Palácio Piratini. A Praça seria o jardim frontal do Palácio. Ao fundo, jardins escalonados com acesso público conectariam o Palácio à Rua Fernando Machado. Desta concepção urbanística, restou apenas um prédio residencial feito construir com alinhamento enviesado na Riachuelo por causa do traçado imaginário da avenida.
O estado passava por uma fase de euforia econômica, a qual se materializava num processo de transformação da fisionomia arquitetônica e paisagística da capital. Na Praça da Alfândega, a principal porta de entrada da cidade, dezenas de prédios eram erguidos -edificações suntuosas, profusamente ornadas com obras de arte, expressão material da prosperidade econômica. A ligação entre a Praça da Alfândega com a Praça Marechal Deodoro, sede do Palácio do Governo e Catedral Metropolitana dava-se pela Rua General Câmara. Foi neste contexto que se decidiu erguer, no centro da praça, onde anteriormente existia um chafariz, e posteriormente fora colocada à estátua de Conde de Porto Alegre um monumento em homenagem àquele que foi o maior vulto do republicanismo riograndense – Júlio de Castilhos.
A praça foi totalmente remodelada com desenho marcadamente geométrico e simétrico, ressaltado pela criação do platô onde convergem todos os caminhos e visuais, marcando a perspectiva desde a subida da rua da Praia para destacar o monumento, tendo como pano de fundo o Palácio e a Igreja da Matriz. Este traçado e pavimentação em pedra portuguesa se mantêm até os dias de hoje, com exceção do platô, que era pavimentado com ladrilho hidráulico na cor rosa e branca e foi substituído por basalto regular polido e mármore regular branco. A única alteração ocorreu no canteiro central que teve seu gramado substituído por areia e abriga a área de recreação infantil. A vegetação predominante e provavelmente original é o jacarandá.
O monumento foi concebido por Décio Villares, pintor e escultor carioca, simpatizante e razoável conhecedor da doutrina positivista de Augusto Comte, fonte de inspiração dos políticos que proclamaram a República. No estado a Proclamação da República desencadeou uma sucessão de crises que culminaram com a Revolução Federalista de 1893-95, entre castilhistas (chimangos) e gasparistas (maragatos), com a vitória dos primeiros. Extremamente violenta essa revolução deixou um legado de rancor e ódio entre as duas facções, o que fez com que o processo de consolidação do regime fosse marcado por um clima de forte radicalismo e exacerbada luta política. A construção do monumento em homenagem a Júlio de Castilhos, o primeiro presidente republicano do estado serviu, entre outras coisas, para reforçar essa afirmação do poder político dos republicanos positivistas.
Os trabalhos de modelagem e fundição, em bronze, foram feitos na França, de onde vieram os principais conceitos para o significado dos monumentos no espaço urbano. Depois de concluídas as reformas urbanas de Paris, de Luis Napoleão e do Barão de Hausmann, com a III República, o sistema republicano passou a ser bastante exaltado em monumentos públicos, passando a servir de símbolo de prosperidade material e pacificação social. Abandonaram seus primitivos símbolos de guerra (escudos, lanças, espadas…) para ganharem atributos de iluminação (archote de luz), ordenação jurídica (constituição) e da prosperidade (cornucópias e ramos de louro).
O Monumento a Júlio de Castilhos foi projetado em forma de uma pirâmide, em cujas faces foram alinhadas diversas figuras alegóricas para representar a biografia do homenageado, suas virtudes e influências recebidas.
É dominado por uma alegoria feminina da República, portando um archote de luz e um diploma constitucional. A figura está colocada sobre uma meia esfera, simbolizando o globo terrestre, na qual aparece uma faixa com a frase Ordem e Progresso, o mesmo lema positivista da bandeira nacional. As datas de 14 de julho de 1789 (Revolução Francesa) e 15 de novembro de 1889 (Proclamação da República), dispostas na parte superior da pirâmide, assim como as cartelas com as frases “Libertas Quae Sera Tamem” (Inconfidência Mineira) e “A sã política é filha da moral e da razão” (Independência do Brasil) são para lembrar a historicidade dos ideais republicanos.
Nas laterais, representa três fases da vida de Júlio de Castilhos:
Na primeira face, do lado oeste, a juventude, ou fase da propaganda republicana, através de um jovem distribuindo exemplares do jornal “a Federação”, que era o jornal oficial do Partido Republicano Riograndense;
Na segunda face, do lado norte, a maturidade, ou fase de institucionalização do regime, através de um herói letrado, de livro na mão, como que se erguendo da poltrona para colocar em prática seu programa de governo. O estadista está cercado de figuras que representam suas virtudes: a Coragem, que trás os louros da vitória e um dos olhos vendados, a Prudência, que procura conter a Coragem e aponta para a Oposição, representada na figura de um dragão que rasteja pelas escadarias, ameaça da restauração monárquica e a oposição ao regime ditatorial de Castilhos e Borges de Medeiros, a Firmeza, que segura na mão as chaves dos três poderes e o Civismo, através de uma figura envolta na bandeira nacional;
Na terceira face, do lado leste, a velhice, quando o chamado Patriarca converte-se no profeta dos republicanos gaúchos, através da figura de um velho, longas barbas, a cabeça apoiada no braço, tem um livro aberto no colo, representando a Sabedoria Política e Transparência.
A última face, do lado sul, representa a Popularidade, na figura de um gaúcho saudando o homenageado com o cavalo empinado. No solo, uma caveira bovina e um arado completam o conjunto de signos que servem para representar o povo gaúcho como os positivistas o idealizaram, ou seja, um povo gentil, pacífico e trabalhador, que já tinha superado, na sua evolução, seu estagio de beligerância e de revoluções e ingressado definitivamente no seu “estágio positivo”. No lugar de mosquetes e canhões, uma simples pistola na cintura. No lugar de espadas e de lanças seus referenciais relativos o arado e a caveira bovina.
Em linhas gerais, o monumento apresenta um repertório de soluções plásticas e formais acadêmico-tradicionais. Em alguns de seus elementos, entretanto, evidencia-se uma aproximação com obras de escultores que buscavam inovar, como Rodin. Outro aspecto relativamente “moderno” do conjunto é sua concepção de monumento arquitetônico, onde a parte escultural está inserida num projeto paisagístico maior, no qual se procurou estabelecer uma integração da escultura com grandes planos arquitetônicos: a escadaria de acesso, o amplo pátio que circunda o pedestal, o próprio pedestal em degraus, entremeado por um canteiro de grama e flores.
No aniversário da morte de Castilhos, 24 de outubro, eram celebradas exéquias cívicas junto ao monumento. A prática foi abolida com a Revolução de 3 de outubro de 1930.
O prédio da Biblioteca Pública foi inaugurado em 1922. Os bustos na fachada representam personagens do calendário positivista, ideologia professada pelo regime castilhista e borgista.
Em 1927, o Intendente Otávio Rocha construiu no local da antiga Bailante da Hidráulica o Auditório Araújo Vianna para os concertos e apresentações de banda municipal, com concha acústica e uma platéia ao ar livre com 400 bancos que se estendiam ao longo de quatro terraços, emoldurados por pérgula ornada de roseiras. O Auditório foi demolido em 1955, para dar lugar ao Palácio Farroupilha, sede da Assembléia Legislativa, inaugurada em 1967. Como contrapartida um novo auditório foi construído no Parque da Farroupilha (Redenção).
Na noite de 19 de novembro de 1949, um misterioso incêndio destruiu o Tribunal de Justiça, ao lado do Theatro São Pedro. No lugar dos escombros foi erigido o atual Palácio da Justiça. Em frente ao edifício modernista é instalada uma herma que homenageia o Dr. Oswaldo Vergara. Mas nem só de prédios públicos anima-se a vida no entorno da Praça. No lado leste manteve algumas elegantes residências, construídas na virada do século XIX para o XX, como o Solar dos Palmeira. Além disso, o final dos anos 1960 e a década de 1970 testemunharam a chegada de alguns modernos espigões, destinados tanto para ocupação residencial quanto comercial.
A Praça da Matriz, consolidada como o centro cívico, cultural e religioso dos gaúchos foi palco de inúmeros acontecimentos de relevância histórica, como o pronunciamento militar dos Menna Barreto em 19 de junho de 1823, em solidariedade a Dom Pedro I; a recepção ao Imperador Dom Pedro II, em 1865; a aclamação da República, em 1889; a deposição de Júlio de Castilhos, em 11 de novembro de 1891 e a sua posterior recondução ao governo em 17 de junho de 1892; as manifestações populares dos grevistas de 1917, que paralisaram completamente a cidade por dias; as célebres sessões na Assembléia Legislativa que reconheceram a reeleição de Borges em 1922, estopim da Revolução de 1923; a imemorável Constituinte Estadual de 1947; a Campanha da Legalidade, em 1961; também nos anos 1960, a catedral recepcionou Dom Vicente Scherer, primeiro gaúcho sagrado Cardeal em Roma; em 1989, o Palácio Farroupilha efervesceu com as sessões da Constituinte cidadã.
A Praça da Matriz tem sido há décadas o destino de passeatas e manifestações populares, com destino aos palácios do Governo, da Assembléia ou da Justiça. Da mesma forma, para lá tem convergido a quase um século e meio a vida artística, cultural e religiosa de Porto Alegre. Em seu entorno existem diversos prédios de importância histórica ou social para a cidade. Ali estão a Catedral Metropolitana de Porto Alegre; o Palácio Piratini, sede do Poder Executivo Estadual; o edifício da Assembléia Legislativa, o Palácio do Ministério Público e o Palácio da Justiça. Também estão localizados na praça o Teatro São Pedro e alguns outros casarões antigos. Nas suas vizinhanças imediatas encontramos ainda o Solar dos Câmara, o Museu Júlio de Castilhos, a Biblioteca Pública do Estado e a antiga Casa da Junta, hoje o prédio da Casa Civil, todos edificações históricas.
FONTES:
AXT, Gunter & BURD, Armando. O Casarão Resiste. Jornal Correio do Povo, Porto Alegre, 27 de janeiro de 1998, 16 páginas. FÉLIX, Loiva Otero e Grijó, Luís Alberto. Histórias de Vida: Entrevistas e Depoimentos de magistrados gaúchos. Porto Alegre, Editora do Tribyunal de Justiça, 1999
FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: Guia Histórico. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1988
SPALDING, Walter. Pequena História de Porto Alegre. Porto Alegre, Ed. Sulina, 1967.
Praça Quinze de Novembro s/n – Centro Histórico – Porto Alegre/RS
É uma das mais antigas e tradicionais praças de Porto Alegre. O primeiro projeto de implantação do logradouro surgiu no início do século XIX, quando foi delimitado um largo com 1199 braças quadradas (5.755,20 m²), não urbanizado, à beira do Guaíba. Chamado informalmente de Praça do Paraíso, teve a primeira referência oficial no Atas da Câmara Municipal de seis de abril de 1811 tornou-se, com o tempo, ponto de comércio ambulante, com quitandas, bancas de peixe entre outros. Em 1920, João Batista Alves Porto, engenheiro encarregado do Plano da Vila e da obra da nova alfândega, solicita a transferência das quitandas e demais mercados da Praça da Alfândega para a Praça do Paraíso, destinada ao mercado do Peixe. Por volta de 1829 foi designado como um dos locais de depósito de lixo da cidade.
A construção do primeiro Mercado Público de Porto Alegre, inaugurado em 1844, marca a ocupação formal da praça, sendo que o lado da antiga Rua de Bragança (atual Marechal Floriano) foi aterrado ainda em 1843, e os demais em 1844. O entorno, que era caracterizado pelo lodaçal, recebeu obras de urbanização, incluindo o calçamento. Entretanto essas melhorias não alteraram significativamente suas condições, pois nas imediações havia alguns ranchos para parada de carretas.
Seu nome foi alterado de Praça do Paraíso para Praça Conde D’Eu, após 1869, quando o primeiro Mercado foi demolido e transferido para o local atual, possibilitando sua urbanização. Em 1870 o vereador José Antônio Rodrigues Ferreira apresentou uma proposta de ajardinamento e calçamento incluindo a construção de um chalé para venda de refrescos e um coreto para apresentações da Banda Municipal. Como o projeto não foi executado imediatamente a Praça foi usada por circos, sendo que o Circo Universal possuía um barracão de madeira até 1878.
Em 13 de junho de 1879 a Câmara aprovou orçamento para construção de um jardim arborizado, cercado com um gradil de ferro com quatro portões. A comissão formada para organizar as obras angariou cinco contos de réis. Em 1880, os carreteiros são deslocados para a atual Praça Rui Barbosa e as árvores são plantadas. Em 1881 o calçamento é ampliado e o projeto do primeiro chalé é aprovado. Em 1882 são instalados lampiões a gás e a Praça é inaugurada em 2 de dezembro. Dois anos após, foi colocado um “elegante chafariz” de ferro bronzeado, que atualmente encontrasse no Parque Farroupilha. Em 1885 foi erguido o primeiro chalé para venda de sorvetes e, em 11 de dezembro de 1889, sua denominação foi alterada para Praça XV de Novembro.
O antigo chalé foi substituído em 1911 pelo tradicional Chalé da Praça XV. A praça sofreu redução de tamanho em 1928, para possibilitar a ampliação das ruas laterais. Em 1929 foi construído o primeiro abrigo coberto para bondes, no lado da rua Dr. José Montaury. Ampliado em 1935 devido à mudança no tráfego das linhas e a qualificação do atendimento à população, atualmente possui uso comercial, basicamente composto por lanchonetes. Uma grande parte da Praça ainda é ocupada pelo comércio ambulante, reunido no chamado Camelódromo.
FONTE:
Franco, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS)/Prefeitura Municipal, 1988
Localiza-se na confluência das ruas Riachuelo e Duque de Caxias
O Portão Colonial, marco da entrada da cidade, foi construído em 1773 quando José Marcelino de Figueiredo transferiu a capital da Capitania de São Pedro para a Vila de Porto de São Francisco dos Casais, que recebe o nome de Porto Alegre. A vida da pequena cidade murada acontecia a partir do Largo do Portão que, naquela época, tinha por hábito fechá-lo ao anoitecer, de forma a resguardar os cidadãos dos temidos invasores e saqueadores.
Em 1829 o portão, portal ou vestíbulo da vila, já não existia, mas emprestava o nome à “Praça do Portão”, recanto entre o extinto quartel do Oitavo Batalhão e a Santa Casa de Misericórdia e, por extensão, ao largo existente diante do quartel.
O cronista Aquiles Porto alegre, diz que ali “brasejavam três figueiras bravas de folha miúda, que davam uma nota pitiresca àquele recanto. Parecia uma ponta de mato à beira da estrada”. Segundo ele, teriam sido plnatadas pelo vendeiro José Canteiro, estabelecido na esquina da Rua Dr. Flores. “Grande parte dos fregueses eram moradores dos subúrbios e vinham efetuar as compras a cavalo. Para que os animais ficassem à sombra e não expostos ao rigor do sol, o Canteiro, previdente como era (…), tratou logo de plantar aquelas árvores abençoadas, que abriam as frondes nos ares como enormes pára-sóis”.
Em 1869 foi aprovado pela Câmara um requerimento para arborizar, entre outras, a Praça do Portão, que já havia recebido um dos chafarizes da Cia Hidráulica Porto-Alegrense.
Em 1873 a Praça do Portão passou a denominar-se Praça General Marques, em homenagem ao Tenente-General Conde de Porto Alegre. Em 1884 uma comissão é encarregada dos melhoramentos e arborização a praça, concluídos em 1886.
Em 1912, a área de 2640m², tem seu nome alterando pelo Intendente José Montaury para Praça Conde de Porto Alegre, sendo determinada a transferência do monumento ao Conde de Porto Alegre, primeiro monumento erguido em praça pública em Porto Alegre, inaugurado pela Princesa Isabel em 1885, da Praça da Matriz. A estátua de mármore foi executada pelos escultores Adriano Pittanti e Carlos Fassati. De acordo com depoimento de Paschoal Fossati, filho do escultor Carlos Fossati, dado em 1956 para Athos Damasceno (1971, p.167):
“… o autor da estátua foi seu pai e não Adriano Pittanti. Afirma o depoente que, sendo à época Carlos Fossati sócio de Pittanti, a ele fora confiada a difícil empreitada para a qual fez a maquete – hoje conservada pela família Câmara – o modelo de barro, e, em grande parte, a transferência para o mármore. Admite Paschoal que, nessa última fase da obra, haja seu pai recebido à colaboração de Domênico Pittanti, irmão de Adriano. Mas reitera que a autoria da obra é de Carlos Fossati, a cuja modéstia extrema atribui o silêncio que sempre manteve entorno do assunto”.
Para diminuir a declividade do terreno, Montaury, em 1919, remodelou a Praça que, em 1933, foi novamente urbanizada. Na década 1970, na administração do Prefeito Telmo Thompson Flores sofreu nova reformação, em função das modificações urbanas ocasionadas com a implantação do Viaduto Loureiro da Silva. Perdeu parte de sua área original e incorporou o leito da rua Riachuelo que, transformado em passagem de pedestres, é responsável pela manutenção da interligação da praça com as avenidas Salgado Filho e João Pessoa, além de atender o acesso aos edifícios fronteiros.
Contida pelo viaduto perdeu a relação direta com a rua Duque de Caxias e com a zona leste da cidade, o contato visual com a avenida João Pessoa e a rua Duque de Caxias no acesso ao centro e sua localização, junto ao topo de morro. Além disso, a conformação do terreno foi alterada, acentuando sua declividade.
O novo projeto alterou as características formais da praça, similares as da praça Dom Feliciano e Otávio Rocha, de estilo eclético, com passeios pavimentados em pedra portuguesa trabalhada e no centro, em destaque, o monumento do Conde Porto Alegre sobre uma plataforma com piso de ladrilho. Os limites, junto ao alinhamento da rua Riachuelo, eram definidos por balaustrada de alvenaria, típica do final do século XIX e início do XX, interrompida por uma escadaria de acesso direto à praça, que se desenvolvia quase que em um único nível, facilitando o acesso às vias do entorno.
A nova praça desenvolve-se em três platôs, contidos por muros de arrimo de concreto armado aparente e rodeados por taludes gramados, cobertos por vegetação rasteira com coloração e forma variada, típica dos jardins modernistas. O projeto permitia o acesso somente pela Rua Doutor Flores gerando, com o passar do tempo, várias trilhas entre os canteiros, dificultando sua manutenção.
A inexistência de cobertura vegetal nos canteiros que, além de adornar, tem como função principal auxiliar a fixação do solo, impedindo a erosão do terreno, e a baixa incidência de sol e luz, ocasionada pelo desenvolvimento espontâneo de vegetação, em quantidade e com porte desproporcional as dimensões da área, entremeados de trilhas, acabaram causando prejuízos na visualização e percepção do espaço e do monumento. A sensação de insegurança causada por esse aspecto de degradação resultou no abandono do espaço pela população transformado a praça em local de passagem e de descarga, com ocupação indesejada, apesar do seu entorno ser caracterizado, predominantemente, pela atividade residencial.
Em outubro de 2006, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) e o Conselho do Patrimônio Histórico Cultural (Compahc) formalizam uma parceria com a empresa Aracruz S.A, dentro do modelo de Governança Solidária Local, objetivando a revitalização da Praça Conde de Porto Alegre. As obras foram concluídas em junho de 2007.
FONTE:
Franco, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS)/Prefeitura Municipal, 1988
Arq. Renata Salvadori Rizzotto – DPC/ Secretaria Municipal do Meio Ambiente
A inauguração do cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre estava prevista para o mês de agosto de 1850.
Porém, uma epidemia de febre amarela contribuiu para a aprovação pela Câmara Municipal de um impedimento de efetuar enterros em outro lugar e obrigou a administração a realizar os enterros na nova necrópole antes da data prevista.
Foi assim que em 6 de abril daquele ano ocorreu o primeiro sepultamento no “Alto da Azenha”. José Domingues, um marinheiro português que chegou a Porto Alegre, foi o primeiro “livre” sepultado no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, e uma negra, Eva, a primeira escrava ali acolhida em 12 de abril de 1850.
Nota: Imagem ilustrativa
]]>Na zona rural que ocupa 30 % do território de Porto Alegre, você encontra espaços para Ecoturismo, Turismo Cultural, Turismo Rural e de Estudos, gastronomia com produtos orgânicos, passeios à cavalo, eventos infantis, experiência com diversos animais e venda de flores e mudas direto do produtor.
Segunda capital brasileira com a maior área rural, Porto Alegre tem o privilégio de oferecer uma experiência singular, a poucos minutos do grande centro urbano. Num espaço de natureza viva, com áreas produtivas e de preservação ambiental e biológica está a rota turística Caminhos Rurais de Porto Alegre. Região de estâncias do século XIX, é hoje ocupada por pequenas propriedades de expressiva agricultura familiar e agroecológica que preservam a paisagem natural, o modo de vida tipicamente rural e gaúcho e buscam a sustentabilidade econômica, ambiental, cultural e social por meio do turismo.
Fonte:
]]>Em 2 de fevereiro de 2016, o Capitão Casemiro Scepaniuk, aos 94 anos, realizou seu derradeiro salto. Um dos pioneiros do paraquedismo militar brasileiro, Scepaniuk era o paraquedista militar de nº 44 e um dos quatro que ainda estavam vivos.
O General Mourão, Comandante Militar do Sul, também paraquedista cumprimentando o Pqdt 44 no Encontro Anual de Paraquedistas Militares, em comemoração ao padroeiro São Miguel Arcanjo, realizado em São Leopoldo-RS, no 19º BI Mtz, em 08 de outubro de 2015.
Nascido em Erechim – RS, em 1921, fez o serviço militar obrigatório em 1939, servindo, durante dois anos como Soldado no 5º Regimento de Cavalaria, em Curitiba, dando baixa em 1941. De volta ao Sul, trabalhava como motorista de ônibus em Porto Alegre, quando foi reconvocado como voluntário, em face da possibilidade de o Brasil participar da II Guerra Mundial. Após frequentar um curso de formação de Sargentos, foi designado para a Escola de Educação Física do Exército, pois era um atleta nato, tendo integrado a equipe de atletismo do Exército, em corridas de fundo e meio-fundo. Mas o esperado chamado para participar da guerra não veio. Terminada a guerra, Scepaniuk recebeu um radiograma do Ministério da Guerra, nestes termos: O Coronel Nestor Penha Brasil, comandante da Escola de Paraquedistas, convida o 3º Sargento Cav Casemiro Scepaniuk a prestar exame nesta instituição, para, após ser aprovado, cursar no Fort Benning/Georgia/USA, o curso de Paraquedista Militar.
Aceitando o desafio, Scepaniuk foi fazer o curso e se tornou o Paraquedista nº 44 em um total de 47 Oficiais e Sargentos que foram para os Estados Unidos e se tornaram os pioneiros do paraquedismo militar brasileiro. De volta ao Brasil, sempre esteve ligado a área da Educação Física, na qual atuou como treinador de várias equipes de futebol, como o Clube Botafogo de Futebol e Regatas, e como instrutor de atletismo do Núcleo da Divisão de Paraquedistas do 1º Exército (hoje Comando Militar do Leste). Já como 2º Sargento, Scepaniuk pesquisou e descobriu uma falha em um gancho do paraquedas, que fazia este se abrir, mesmo depois de ser devidamente colocado no cabo de ancoragem das aeronaves, tendo já ocasionado uma morte e alguns feridos. Ciente disso, criou um pino de segurança que, ao ser inserido no referido gancho, não permitia sua abertura acidental. Posta em prática na Brigada Paraquedista, a genial invenção salvou a vida de muitos paraquedistas militares e pela importância de sua invenção foi chamado aos Estados Unidos, onde os fabricantes de paraquedas, maravilhados, cientificaram-no sobre a difusão de sua ideia pelo mundo, ficando o importante dispositivo de segurança em forma de pino conhecido mundialmente como “chipanique”, embora seu inventor nunca tenha querido requerer-lhe a patente. Após ir para a Reserva e fixar residência em Porto Alegre, o Capitão Scepaniuk passou a integrar o Grupo Grafonsos, que congrega paraquedistas de todo o Brasil.
Na capital gaúcha, Scepaniuk iniciou construção do próprio túmulo há 10 anos. Dizia que não queria dar trabalho a mulher, Ruth Scepaniuk, 90 anos, que também teve seu lugar reservado no mesmo jazigo, junto ao marido. Ele acreditava que iria antes dela. Não deixou filhos. Aos poucos, acrescentou detalhes que remetiam a sua trajetória na então Brigada Paraquedista. Sua marcial estatura, com farda e equipamento paraquedista, tem, à esquerda, a de Piloto, o primeiro cão paraquedista da América do Sul. À direita, a imagem de uma águia, em homenagem ao curso que realizou nos Estados Unidos.
RBS TV Entrevista Paraquedista Militar Casemiro Scepaniuk que construiu o próprio túmulo
Foi sepultado com honras militares prestadas pelo Comando Militar do Sul e com a presença de inúmeros companheiros, que entoaram a canção dos Paraquedistas: Eterno Herói. Ao velho Soldado Paraquedista, a mais caprichada continência! Brasil acima de tudo! Adaptado do texto do jornalista Lino Tavares, com pesquisas do Paraquedista Ricardo Freire, do Grupo Grafonsos.
FONTE:
Leonardo Araújo – Coronel Paraquedista. Historiador, membro da AHMTB
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