A Catedral

 

Praça da Matriz de Porto Alegre - Acervo da Biblioteca Walter Spalding

 

Com a transferência da administração do Estado, de Viamão para Porto Alegre, edificar uma nova igreja, de dimensões adequadas a importância da nova capital, passou a ser prioridade. Por consequência, em 12 de julho de 1772, o Vice-Rei mandou demarcar algumas datas para a construção de uma igreja destinada a servir de Matriz aos paroquianos da freguesia. Em 1793 a igreja Madre de Deus, de uma só nave e sem torres, destacava-se no alto da colina. 1

Essa antiga igreja foi demolida a partir de 3 de maio de 1920 e iniciou-se a construção da atual Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre, cuja finalização ocorreu em 10 de agosto de 1986 2

A Catedral Metropolitana teve a pedra fundamental lançada em 7 de agosto de 1921, após demolição da antiga Matriz. A cripta foi inaugurada em 20 de março de 1929, mas somente cerca de 20 anos depois é que as celebrações puderam deixar a cripta e serem realizadas na nave da Catedral, já sob administração de dom Vicente Scherer. Apenas em 1986, tendo como arcebispo dom Cláudio Colling, foi que a Catedral pôde ser consagrada e dada como concluída. Em 2006, para evitar infiltrações, finalizou-se reforma em sua cúpula. 3

Segundo Cíntia Neves Bohmgahren4, a Igreja Matriz surgiu da necessidade de dar atendimento espiritual aos soldados paulistas e aos casais açorianos arranchados no Porto de Viamão à espera de seguir para as missões. Em 1753, o padre carmelita Frei Faustino de Santo Antônio de Santo Alberto e Silva se estabeleceu junto a eles nas proximidades do Estuário Guaíba. Nesta ocasião, se construiu junto a Rua da Praia, uma primitiva capela de pau-a-pique sob a invocação de São Francisco das Chagas, nomeando também a povoação como “São Francisco do Porto dos Casais”. Em 1755, o frei foi transferido para Triunfo e a povoação ficou novamente na dependência do atendimento do vigário da paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Viamão.

(…) O serviço religioso era subministrado pelo vigário da Capela Grande, que era a Matriz da freguesia de Nossa Senhora da Conceição, dos Campos de Viamão, e na hermida de São Francisco ia quando era possível, pessoalmente e mandava um dos coadjutores da Freguesia. Esta era vastíssima, pois estendia-se até Santa Catarina (Laguna) e Lajes, de um lado, os paroquianos viviam esparsos pelos campos e sítios, e do outro, até as margens da Barra do Rio Grande da Vila de São Pedro.

Em função disso, no ano de 1771, o Governador do Continente Marcelino de Figueiredo (1735-1814) solicitou ao Bispo do Rio de Janeiro, Dom Antônio do Desterro  (1694-1773), o que este último efetivou, a criação da Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais a 26 de março de 1772, desmembrando-a da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Viamão. Nomeou-se, então, como vigário o Padre José Gomes de Faria, natural de Pernambuco, ex-vigário de Taquari. Na mesma provisão que torna a povoação uma Freguesia é solicitado que se construa uma igreja com capacidade para desempenhar a função de matriz. Em 1773, o bispo muda o Orago da freguesia para “Nossa Senhora Madre de Deus”.

A primeira Capital do continente foi a Vila de Rio Grande, que havia sido invadida pelos espanhóis, em 1762, e o Governo da Província estava refugiado em Viamão. No ano de 1770, o Governador Marcelino Figueiredo decidiu mudar-se para o Porto dos Casais e, em julho de 1773, mudou também a sede do governo para lá.

Com a transferência da capital do Estado, que mudou de Viamão para Porto Alegre, tornou-se evidente a necessidade da construção de uma nova igreja com dimensões correspondentes à nova situação de Porto Alegre. Em 12 de julho de 1772, o vice-rei manda que se demarque entre as datas de terra dadas aos casais açorianos uma expressamente destinada à construção da nova igreja.

O projeto certamente foi enviado da Arquidiocese do Rio de Janeiro, de onde vinham os projetos realizados, geralmente por engenheiros militares. Em 1780, teve início a construção da Igreja Matriz, segundo Monsenhor Balém, demonstrando considerável progresso em relação aos poucos recursos que se tinha na época e, em 1793, já tinha sido erguida a nave.

Junto à paróquia Madre de Deus, ao longo dos anos, foram surgindo várias irmandades, que congregavam os leigos e os motivavam a obras comunitárias, como São Miguel e Almas, Divino Espírito Santo e Santíssimo Sacramento. Todo o território de Porto Alegre pertenceu à paróquia Madre de Deus até 1832, quando são criadas as paróquias de Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora do Rosário. A 7 de maio de 1848, o Papa Pio IX por Bula “Ad Oves Dominicas Rite Pascendas” cria a diocese de São Pedro do Rio Grande do Sul, designando na mesma Bula por Catedral provisória a Igreja Matriz de Nossa Senhora Madre de Deus. (…) Foi durante o bispado de Dom João Becker, que se deu o início da construção da nova Catedral, projetada pelo arquiteto italiano João Batista Giovenale. A pedra fundamental da nova Catedral foi lançada a 07 de agosto de 1921. Passando por sucessivas fases de construção, veio a ser dedicada em 1986, já sob o arcebispado de Dom Cláudio Colling.

Catedral Metropolitana de Porto Alegre

Catedral Metropolitana

FONTES:

http://www.catedralmetropolitana.org.br/historia/index.html

2 Franco, Sérgio da Costa, Guia Histórico de Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2006, Pg. 154

3 Coluna Almanaque Gaúcho, jornal Zero hora de 22 de fevereiro de 2010.

4Acadêmica em História, Teoria e Crítica pelo Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (DAV-IA-UFRGS)