A Igreja Nossa Senhora das Dores

A Igreja das Dores – Imagem de Marcio Justo

A construção da Igreja de Nossa Senhora das Dores, o mais antigo templo católico de Porto Alegre, por iniciativa da Irmandade Ordem Terceira de Nossa Senhora das Dores, teve o começo das obras em 2 de fevereiro de 1807. As primeiras celebrações religiosas ocorreram em meados de 1813, com a conclusão das obras da capela-mor. O historiador Sérgio da Costa Franco relata que, em 23 de junho daquele ano, a chegada da imagem da santa ao templo aconteceu “com acompanhamento de todo o clero, fiéis, o Capitão-General Dom Diogo de Souza, estado-maior e tropa.” 1

O historiador aponta que somente em 1846 um novo aporte de recursos encaminhou o andamento das obras de construção da igreja:

“Fisicamente, até a presidência do Conde de Caxias, em 1846, o templo continuava limitado à capela-mor, com o acréscimo de um barracão a título de nave. Caxias lhe destinou quatro contos de réis, que serviram para levantar os alicerces das grossas paredes laterais da nave, até a altura de 18 palmos acima da terra. Com intermitências, a Fazenda Provincial foi destinando verbas para a conclusão da igreja, o que permitiu o acabamento do corpo principal em meados de 1866, realizando-se a sua solene bênção em 10 de maio de 1868, pelo bispo Dom Sebastião Dias Laranjeira. (…) Só em 1873 ficou pronta a grande escadaria a partir da Rua dos Andradas, sendo até então o único acesso possível através da Rua Riachuelo. E, quase no fim do século, o edifício se conservava sem reboco e sem torres. Foi então que um grande esforço do clero, dos paroquianos e da Ordem Terceira reuniu os fundos necessários para o término do templo. (…) Em dezembro de 1900, fez-se a inauguração da torre ocidental, e em 1901, a da torre do lado leste. Mas só nos primeiros meses de 1904 puderam ser removidos os últimos andaimes da obra da fachada.” 2

Uma lenda que faz parte da história da igreja dá conta de que um escravo de nome Josino, condenado sumariamente à morte por desvio de material da obra, dizendo-se inocente rogou uma praga ao seu senhor que o acusava. Pela injustiça, seu senhor jamais veria o fim das obras das torres da igreja. Walter Spalding registra em seu livro Pequena História de Porto Alegre, o seguinte:

“Conta uma lenda que um condenado à morte pela forca (que ficava fronteira à igreja) dizendo que morria inocente dava como prova o fato de jamais serem construídas as torres da igreja. Realmente, as torres, como haviam sido projetadas, de acordo com o todo do edifício, jamais foram construídas, pois que outras, em 1901, ocuparam seu lugar, em estilo absolutamente discordante do conjunto. Esse acontecimento – a ‘praga’ do condenado – muito influiu para a destruição da forca – o pelourinho – de Porto Alegre.” 3

FONTES

1 Franco, Sérgio da Costa, Guia Histórico de Porto Alegre, UFRGS Editora, 2006, Pg. 136.

2 Franco, Sérgio da Costa, Guia Histórico de Porto Alegre, UFRGS Editora, 2006, Pg. 137.

Spalding, Walter, Pequena História de Porto Alegre, Ed. Sulina, 1967, Pg. 252 e 253