A origem do nome

A professora Hilda Agnes Hübner Flores depõe sobre a origem do nome do Bairro Tristeza. 

O nome de Senhorinha da Silva Tristeza surge como referência para o nome do bairro, na Porto Alegre em formação, nos inícios do século XIX.

“Por que este nome, antonímico às belezas naturais do lugar, sede de veraneio de 1895-1930 e hoje um aprazível bairro residencial? A resposta, está relacionada à concepção negativa que se tinha da mulher:
José da Silva era um português casado com Maurícia, neta do sesmeiro Dionísio Rodrigues Mendes. Maurícia trouxe para o casamento as terras correspondentes aos bairros Vila Conceição, Tristeza, Vila Assunção e parte da Cavalhada. O casal residiu na atual Vila da Conceição, em uma casa de três cômodos medindo 2,50 x 5 m2 – moradia modesta e de acordo com os valores lusos, que viam o status social na extensão da terra e não no conforto da casa.
O casal teve dois filhos homens que morreram e em 1817 nasceu uma menina, que o pai batizou de Senhorinha da Silva Tristeza, cognome que ele adotou e deu aos três filhos que nasceram depois. O protagonista já era falecido quando a família omitiu o cognome, em 1855. Mas persiste no belo bairro Tristeza, como testemunho do menosprezo de um pai por sua filha, traduzindo a pouca valia da mulher, naqueles inícios da formação de Porto Alegre.”

Esse assunto também é tratado por Sérgio da Costa Franco quando ele relata que:

“O próprio povoador que deu nome ao bairro, José da Silva Guimarães Tristeza, tinha a sede de seu sítio na hodierna Vila Conceição, próximo à Rua Nossa Senhora Aparecida, segundo apurou em minucioso estudo o Monsenhor Rubens Neis. Esse povoador, José da Silva Guimarães, português de nascimento, foi casado com uma neta do primeiro sesmeiro da região, Dinísio Rodrigues Mendes, senhor de uma fazenda que teve por sede o local da povoação de Belém Velho. Por motivos ainda ignorados, a certa altura da vida, José da Silva Guimarães incorporou ao seu nome o apelido de “Tristeza”. E talvez para a ele fazer jus, morreu pouco depois, fulminado por um raio, no ano de 1826, deixando na orfandade quatro filhos menores.”

FONTES: 

FLORES, Hilda Agnes Hübner. As mulheres porto-alegrenses. Publicado em Porto Alegre em Destaque: História e Cultura, Organizadora Beatriz Dornelles, EDIPUCRS, Porto Alegre/RS, 2004 – Pg. 127

FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: Guia Histórico, 4ª Edição, Editora da UFRGS, Porto Alegre/RS, 2006 – Pg. 407