Júlio de Castilhos

Júlio Prates de Castilhos nasceu na localidade de Vila Rica, atual Júlio de Castilhos – RS, no ano de 1860 e faleceu em Porto Alegre, em 24 de outubro de 1903. Político gaúcho, participou da fundação do Partido Republicano Rio-Grandense e do jornal “A Federação, em 1884. Adepto da filosofia positivista de Augusto Comte, teve participação destacada na vida política do Estado e no país. 1

O Monumento a Júlio de Castilhos, inaugurado em 25 de janeiro de 19132, encontra-se instalado na Praça Marechal Deodoro, entre a Igreja da Matriz e as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, no centro Histórico de Porto Alegre. Segundo avaliação de José Francisco Alves2 “Essa obra é o marco de uma época do Rio Grande do Sul e atua como um verdadeiro discurso político dos ideais de Júlio de Castilhos – que à sua maneira, interpretou Augusto Comte – e de grande parte das elites governantes gaúchas entre o final do Império e a Revolução de 1930. Trata-se, portanto, de um documento da história do país que, embora de ultrapassada mensagem política, revela que as idéias em ebulição, internacionalmente, também aqui tiveram receptividade”. A construção do monumento foi decidida por meio de Lei, em fins de 1903, pouco depois da morte de Castilhos (24 Out), estabelecendo que na Praça Marechal Deodoro4 (Praça da Matriz) seria colocado um monumento em sua homenagem e às suas idéias (…)…”.

Com a chegada da república e a política local dominada pelo positivismo foi decidida a transferência da estátua do Tenente-General Manoel Marques de Souza, o Conde de Porto Alegre, cujo título havia sido concedido por haver liderado a reconquista de Porto Alegre aos Farrapos, em 15 de junho de 1836, e se encontrava na Praça da Matriz desde 01 de fevereiro de 1885.

Estátua do Tenente-General Manoel Marques de Souza, o conde de Porto Alegre

Sobre esse episódio, José Francisco Alvesexplica que:

tornou-se intolerável a presença de um herói monarquista em local de destaque no coração da política do estado. Talvez por isso, em 11 de outubro de 1912, o Intendente José Montaury determinou que a estátua fosse transferida da Praça da Matriz para a então Praça do Portão. Isso, provavelmente, se deu em continuidade à aprovação, em fins de 1903, da implantação no centro da Praça da Matriz do Monumento a Júlio de Castilhos.”

A Décio Villares, conceituado artista da época, foi dado o encargo de projetar a obra. A fundição e a modelagem seriam realizadas na França. A alta pirâmide com forma de obelisco, em granito rosa porto-alegrense, contém uma estátua de Marianne, em bronze (representação feminina da República).

Ela segura uma tocha na mão direita – o “facho da nova luz em uma das mãos e a tábua da lei nova na outra”. Essa alegoria, voltada para o norte assim como toda a face principal do monumento, está assentada sobre um globo com 21  estrelas (que representam os estados   brasileiros de então), cingido pela frase “ORDEM E PROGRESSO”. Mais abaixo, numa “parte acastelada, recordando a forma exterior da Bastilha estão as datas “1789” e “15 de novembro de 1889” com o objetivo de ligar a proclamação da República no Brasil aos ideais da Revolução Francesa. 6

No centro do monumento se destaca a figura de Julio de Castilhos que segura um livro com os ensinamentos de Augusto Comte, filósofo francês, mentor da filosofia positivista.

Júlio Prates de Castilhos

No pedestal dessa figura, a inscrição: “A JÚLIO DE CASTILHOS / 1868 – 1903 / A PÁTRIA AGRADECIDA”. Mais abaixo, em destaque, “1907”. 7 Nas laterais do monumento estão representadas as virtudes do homenageado. A figura masculina à direita do observador, segurando um ramo de louros, simboliza a Coragem. A figura feminina logo abaixo simboliza a Prudência, que aponta para a figura do dragão. No outro lado do homenageado a Firmeza é representada por uma sentinela em vestes militares. Sobre a estátua de Castilhos vemos a representação do Civismo, que empunha a Bandeira Nacional.

A JÚLIO DE CASTILHOS / 1868 – 1903 / A PÁTRIA AGRADECIDA

Também estão representadas no monumento a Experiência, uma figura com feições de um idoso, a expressão “LIBERTAS QUE SERA TAMEN” (liberdade ainda que tardia), a figura de um jovem com um exemplar do jornal “A Federação” e a figura de um peão a cavalo, saudando a República com o chapéu – primeira representação da figura do gaúcho, ao ar livre. Acima do gaúcho, a legenda: “CONSERVAR MELHORANDO”  abaixo se vê o brasão do Rio Grande do Sul e, nas escadarias, duas estátuas de cães sentinelas, provável símbolo de atenção e vigilância. Com exceção dessas duas últimas estátuas citadas, que são de ferro, todas as outras são de bronze. 8

FONTES:

Franco, Sérgio da Costa, Guia Histórico de Porto Alegre, Editora UFRGS, Quarta Edição 2006, pg. 57-59.

Franco, Sérgio da Costa, Guia Histórico de Porto Alegre, Editora UFRGS, Quarta Edição 2006, pg. 132.

3-5-6-7-8 Alves, José Francisco, A Escultura Pública de Porto Alegre – História, contexto e significado, Artfolio, 2004, Pg. 16, 55

 Em seu livro Pequena História de Porto Alegre, Editora Sulina, 1967, Pg. 154,  Walter Spaldin relata que por conta da proclamação da república vários logradouros mudaram de nome. A Praça D. Pedro II (Praça da Matriz) passou a ser denominada Marechal Deodoro.