Praça Conde de Porto Alegre

Localiza-se na confluência das ruas Riachuelo e Duque de Caxias

O Portão Colonial, marco da entrada da cidade, foi construído em 1773 quando José Marcelino de Figueiredo transferiu a capital da Capitania de São Pedro para a Vila de Porto de São Francisco dos Casais, que recebe o nome de Porto Alegre. A vida da pequena cidade murada acontecia a partir do Largo do Portão que, naquela época, tinha por hábito fechá-lo ao anoitecer, de forma a resguardar os cidadãos dos temidos invasores e saqueadores.
Em 1829 o portão, portal ou vestíbulo da vila, já não existia, mas emprestava o nome à “Praça do Portão”, recanto entre o extinto quartel do Oitavo Batalhão e a Santa Casa de Misericórdia e, por extensão, ao largo existente diante do quartel.
O cronista Aquiles Porto alegre, diz que ali “brasejavam três figueiras bravas de folha miúda, que davam uma nota pitiresca àquele recanto. Parecia uma ponta de mato à beira da estrada”. Segundo ele, teriam sido plnatadas pelo vendeiro José Canteiro, estabelecido na esquina da Rua Dr. Flores. “Grande parte dos fregueses eram moradores dos subúrbios e vinham efetuar as compras a cavalo. Para que os animais ficassem à sombra e não expostos ao rigor do sol, o Canteiro, previdente como era (…), tratou logo de plantar aquelas árvores abençoadas, que abriam as frondes nos ares como enormes pára-sóis”.
Em 1869 foi aprovado pela Câmara um requerimento para arborizar, entre outras, a Praça do Portão, que já havia recebido um dos chafarizes da Cia Hidráulica Porto-Alegrense.
Em 1873 a Praça do Portão passou a denominar-se Praça General Marques, em homenagem ao Tenente-General Conde de Porto Alegre. Em 1884 uma comissão é encarregada dos melhoramentos e arborização a praça, concluídos em 1886.
Em 1912, a área de 2640m², tem seu nome alterando pelo Intendente José Montaury para Praça Conde de Porto Alegre, sendo determinada a transferência do monumento ao Conde de Porto Alegre, primeiro monumento erguido em praça pública em Porto Alegre, inaugurado pela Princesa Isabel em 1885, da Praça da Matriz. A estátua de mármore foi executada pelos escultores Adriano Pittanti e Carlos Fassati. De acordo com depoimento de Paschoal Fossati, filho do escultor Carlos Fossati, dado em 1956 para Athos Damasceno (1971, p.167):
“… o autor da estátua foi seu pai e não Adriano Pittanti. Afirma o depoente que, sendo à época Carlos Fossati sócio de Pittanti, a ele fora confiada a difícil empreitada para a qual fez a maquete – hoje conservada pela família Câmara – o modelo de barro, e, em grande parte, a transferência para o mármore. Admite Paschoal que, nessa última fase da obra, haja seu pai recebido à colaboração de Domênico Pittanti, irmão de Adriano. Mas reitera que a autoria da obra é de Carlos Fossati, a cuja modéstia extrema atribui o silêncio que sempre manteve entorno do assunto”.
Para diminuir a declividade do terreno, Montaury, em 1919, remodelou a Praça que, em 1933, foi novamente urbanizada. Na década 1970, na administração do Prefeito Telmo Thompson Flores sofreu nova reformação, em função das modificações urbanas ocasionadas com a implantação do Viaduto Loureiro da Silva. Perdeu parte de sua área original e incorporou o leito da rua Riachuelo que, transformado em passagem de pedestres, é responsável pela manutenção da interligação da praça com as avenidas Salgado Filho e João Pessoa, além de atender o acesso aos edifícios fronteiros.
Contida pelo viaduto perdeu a relação direta com a rua Duque de Caxias e com a zona leste da cidade, o contato visual com a avenida João Pessoa e a rua Duque de Caxias no acesso ao centro e sua localização, junto ao topo de morro. Além disso, a conformação do terreno foi alterada, acentuando sua declividade.
O novo projeto alterou as características formais da praça, similares as da praça Dom Feliciano e Otávio Rocha, de estilo eclético, com passeios pavimentados em pedra portuguesa trabalhada e no centro, em destaque, o monumento do Conde Porto Alegre sobre uma plataforma com piso de ladrilho. Os limites, junto ao alinhamento da rua Riachuelo, eram definidos por balaustrada de alvenaria, típica do final do século XIX e início do XX, interrompida por uma escadaria de acesso direto à praça, que se desenvolvia quase que em um único nível, facilitando o acesso às vias do entorno.
A nova praça desenvolve-se em três platôs, contidos por muros de arrimo de concreto armado aparente e rodeados por taludes gramados, cobertos por vegetação rasteira com coloração e forma variada, típica dos jardins modernistas. O projeto permitia o acesso somente pela Rua Doutor Flores gerando, com o passar do tempo, várias trilhas entre os canteiros, dificultando sua manutenção.
A inexistência de cobertura vegetal nos canteiros que, além de adornar, tem como função principal auxiliar a fixação do solo, impedindo a erosão do terreno, e a baixa incidência de sol e luz, ocasionada pelo desenvolvimento espontâneo de vegetação, em quantidade e com porte desproporcional as dimensões da área, entremeados de trilhas, acabaram causando prejuízos na visualização e percepção do espaço e do monumento. A sensação de insegurança causada por esse aspecto de degradação resultou no abandono do espaço pela população transformado a praça em local de passagem e de descarga, com ocupação indesejada, apesar do seu entorno ser caracterizado, predominantemente, pela atividade residencial.
Em outubro de 2006, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) e o Conselho do Patrimônio Histórico Cultural (Compahc) formalizam uma parceria com a empresa Aracruz S.A, dentro do modelo de Governança Solidária Local, objetivando a revitalização da Praça Conde de Porto Alegre. As obras foram concluídas em junho de 2007.
FONTE:
Franco, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS)/Prefeitura Municipal, 1988
Arq. Renata Salvadori Rizzotto – DPC/ Secretaria Municipal do Meio Ambiente