A primeira jornalista brasileira

A profissão de jornalista no Brasil é, na atualidade, formada por um contingente majoritariamente feminino, com uma fatia de mais de 65% do total. Entretanto, nem sempre foi assim. A conquista de espaço nas redações brasileiras foi tardia e lenta.
A primeira jornalista brasileira foi Maria Josefa Barreto Pereira Pinto que, entre 1833 e 1834, publicou o jornal “Belona” em Porto Alegre. De lá para cá elas foram paulatinamente avançando, tornando-se repórteres, chefes de redação e apresentadoras de televisivos nacionais. Atualmente, a maior parte das revistas impressas é voltada para o público feminino.
Em 1808 era fundada a Imprensa Régia e o Correio Braziliense, de Hipólito José da Costa, já em 1827 ganhava as ruas da Capital o Diário de Porto Alegre.

Maria Josefa, livro de Roberto Rossi Jung sobre a primeira jornalista brasileira
Livro de Roberto Rossi Jung

Nesse tempo, Maria Josefa, vinda de Rio Pardo, já morava em Porto Alegre. Vendo fechadas as portas e as páginas do jornal precursor, não titubeou e participou da articulação de dois jornais, A Idade d’Ouro (1833) e o Bellona (1833). Pela data em que praticou seu mister, ela, seguramente, é a primeira jornalista brasileira.
Maria Josefa foi uma mulher à altura dos seus sonhos. Em uma sociedade marcadamente patriarcal e machista, ela nunca se curvou às imposições do meio. Sentia-se predestinada a romper com um ciclo de aprisionamento das existências que se abatia sobre ela apenas por sua condição de mulher. Por certo, além da sua credencial de pioneira no jornalismo, a ela também deve ser creditada uma luta de vanguarda em defesa dos direitos das mulheres.
Maria Josefa não teve uma vida fácil. Abandonada pelos pais verdadeiros, foi adotada, se bem que a adoção resultou-lhe afetiva e materialmente proveitosa. A atividade jornalística de Maria Josefa, segundo o escritor e jornalista Carlos Reverbel, se insere naquela fase de descortino desse ofício em nossas plagas, com seu romantismo e aprendizado.
Roberto Rossi Jung descobriu o nome de Maria Josefa Barreto Pereira Pinto em uma pesquisa a jornais antigos. Segundo seu levantamento, a gaúcha Maria Josefa fundou e editou o jornal Bellona em 1833, em Porto Alegre. Jung aprofundou seus estudos e escreveu o livro “A gaúcha Maria Josefa, primeira jornalista brasileira”.
A pesquisa começou com a localização da cidade natal da jornalista e durou mais de um ano. Quando nasceu, Maria Josefa foi deixada em uma cesta à porta de uma residência em Viamão, região metropolitana de Porto Alegre. O primeiro registro oficial é de seu casamento, em 1800, quando tinha aproximadamente 14 anos. Foi abandonada pelo marido e seus dois filhos acabaram morrendo. Maria Josefa foi poeta, fazia saraus literários e reunia em sua casa a sociedade mais culta da época.
Criou a primeira escola mista de Porto Alegre e foi colaboradora do jornal Idade de Ouro, sendo a única mulher em um ambiente exclusivamente masculino. Maria Josefa era monarquista em um período em que Porto Alegre estava sitiada por seus adversários, os revolucionários farroupilhas. Essa trajetória corajosa motivou o autor a escrever sua biografia. No livro, há uma cópia do inventário da morte em 1837 e parte da genealogia da jornalista, documentos encontrados no Arquivo Público e na Cúria Metropolitana de Porto Alegre.

Josefa, a revista produzida por alunos de jornalismo da Unisinos Porto Alegre em homenagem a primeira jornalista do Brasil Maria Josefa
Josefa – A Revista

Mais recentemente, no primeiro semestre de 2015 o curso de Jornalismo da Unisinos Porto Alegre lançou uma nova revista da universidade, a Josefa. Produzida pelos alunos das cadeiras de revista e de fotografia e supervisionado pelos professores, a publicação foi batizada em homenagem a jornalista que fez história no Brasil do século retrasado.

Alunos da Unisinos - Revista Josefa
Alunos da Unisinos – Revista Josefa

FONTES:
http://www.sinprorp.org.br/clipping/2004/371.htm
https://historiaimprensabrasil.wordpress.com/tag/maria-josefa-barreto-pereira-pinto/
http://diariodeviamao.com.br/mobile/noticias/o-melhor-de-viamao/2015_josefa:-a-1%EF%BF%BD-jornalista-do-brasil-era-viamonense
https://coletiva.net/academia/jornalismo-da-unisinos-lanca-terceira-edicao-da-revista-josefa,277152.jhtml