Os Cinemas de Rua

Os Cinemas de Rua de Porto Alegre
Os Cinemas de Rua de Porto Alegre

Porto Alegre ocupa posição de destaque na historiografia do cinema no Brasil. Quatro meses depois da novidade chegar ao país, ocorreu em novembro 1896, na Rua dos Andradas, uma exibição de “photographias animadas”, como se chamavam os filmes na época.

Alice Dubina Trusz, em seu livro Entre Lanternas Mágicas e Cinematógrafos1, faz referência a chegada do cinema a nossa cidade, nos seguintes termos:

uma nova modalidade de espetáculo de projeção, fundada num novo gênero de imagens, na época denominadas “fotografias animadas” e hoje filmes, foi pela primeira vez apresentada em Porto Alegre. Em novembro de 1896, dois demonstradores diferentes trouxeram à cidade projetores cinematográficos e os mantiveram em funcionamento diário e noturno durante cerca de vinte dias. Os espetáculos exclusivamente de projeções cinematográficas foram realizados de forma inovadora considerando-se o modo de exibição das vistas, em sessões curtas e sucessivas. A forma de organização dos espetáculos também deve ter determinado a não ocupação dos centros de diversões existentes para as temporadas e a opção preferencial pela abertura de salas próprias, provavelmente menores, no centro da cidade. (…) iniciavam com a projeção de uma imagem fotográfica fixa na tela, algo já conhecido e praticado por meio das lanternas mágicas, mas que após alguns instantes começava a se mover, o que acabava evidenciando a grande novidade destas imagens, o movimento. A maior parte dos primeiros filmes projetados também se caracterizou por apresentar imagens em P&B, o que distinguiu estas projeções daquelas de lanterna mágica, cujas placas de vidro traziam vistas coloridas, inclusive quando fotográficas, que já eram objeto de pintura. Rapidamente, porém, os filmes também ganhariam cor, inicialmente aplicadas à mão e a seguir mediante processos químicos.

Segundo Alice Dubina Trusz, a primeira sala permanente para projeções cinematográficas foi o Recreio Ideal, Rua dos Andradas, 321, inaugurada em 20 de maio de 1908. Houve uma pré-estréia para a imprensa, abrindo para o público no dia seguinte. A sala oferecia espetáculos noturnos diários em curtas sessões das 18h30 às 23 horas. Os ingressos (1$000rs e $500rs) tinham o valor proporcional a qualidade das acomodações, se de primeira ou segunda classe. Sobre características da sala e da projeção, Alice Trusz relata as seguintes notas publicadas na imprensa:

Quanto à qualidade da projeção do Recreio Ideal, realizada por um aparelho Pathé Frères, reparou a Federação que, se não tinha uma nitidez perfeita, era tão boa quanto à de outros “aparelhos congêneres”. O Correio do Povo observou que não havia trepidação, que o “salão” estava “muito bem preparado” e tinha “grande número de cadeiras”, de primeira e segunda ordem. “Salão” designava na época a sala de projeções, não tendo havido, com relação ao Recreio Ideal, qualquer indicação sobre a existência de uma sala de espera. Quanto às fitas exibidas, relatou que todas “agradaram imensamente, sobretudo as da “Chegada de Elihu Root ao Rio de Janeiro”, “Reformas e belezas do Rio de Janeiro” e “Enterro e funerais do rei d. Carlos e seu filho d. Luis” Como se pode perceber, os comentários sobre a abertura do novo cinematógrafo distinguiram-se daqueles anteriormente proferidos a cada abertura de uma sala temporária de exibições porque houve um destaque especial às condições estruturais do estabelecimento, ao seu conforto e configuração interiores. No entanto, não houve um entusiasmo maior com relação ao fato da iniciativa inaugurar uma nova fase da exibição, propondo a sua sedentarização, talvez em função da incerteza sobre o futuro do empreendimento. Apenas um ano depois o Recreio Ideal foi reconhecido como “a casa desse gênero (cinematógrafo) que primeiro se estabeleceu na capital.

OS PRIMEIROS CINEMAS1

Recreio Ideal

Primeiro cinema permanente de Porto Alegre, o Recreio Ideal foi inaugurado em 20 de maio de 1908 na Rua dos Andradas, 321, em frente à Praça da Alfândega.

Reclame da primeira década do século XX
Reclame da primeira década do século XX

Recreio Familiar

O Recreio Familiar foi o segundo cinema permanente de Porto Alegre inaugurado em 16 de junho 1908. Na Rua dos Andradas, 329, também em frente da Praça da Alfândega, próximo do Recreio Ideal.

Rio Branco

O Rio Branco, terceiro cinematógrafo permanente de Porto Alegre inaugurado em 03 de outubro1908, na Rua dos Andradas, 477, nas proximidades da Rua Mal. Floriano.

Berlim

O Cinéma Berlim foi inaugurado em 07 de novembro de 1908 na Rua dos Andradas, na mesma quadra fronteira à Praça da Alfândega onde funcionava o Recreio Ideal.

Varieté

O Cinema Varieté ou Variedades estreou para o grande público em 26 de novembro de 1908. De propriedade da empresa Lumière & C, localizava-se na Rua dos Andradas 343. Destaque para “luxuosa e confortável instalação”. Alguns filmes apresentados na semana de inauguração: “Acrobatas esportivos”, “Entre a amante e o amor”, “Viagem original”, “Magia fantástica”, “Ladrões notívagos” e, a pedido, “Pick Pockt”.

Como podemos constatar nas informações acima, o ano de 1908 foi bastante profícuo quanto ao crescimento das salas de projeção na nossa cidade. Há de se levar em conta, entretanto, o fato de que muitas salas abriam, mas nem todas permaneciam por muito tempo em atividade. Stefan Bonow2 em sua dissertação de mestrado atribui essa ocorrência às precariedades técnicas a que estavam sujeitos aqueles estabelecimentos devido a limitações da época. Sérgio da Costa Franco também aborda o assunto quando conta que “algumas salas seriam precárias, transitórias ou associadas a outros negócios. A imprensa as mencionava episodicamente e depois desapareciam das colunas dos jornais.” 3 Sérgio da Costa Franco também avalia a importância do cinema como distração para os porto-alegrenses ao dizer que “de fato, o cinema se tornara, em pouco tempo, uma coqueluche local. Não faltavam sequer os produtores locais de dramas (O ranchinho de palha, com estréia em 27/31909 no Recreio Ideal), ou de documentários, repetidamente referidos, na programação, pelo menos desde 1911”.

OS CINEMAS DE RUA

No período entre 1896 e 1908 o cinema foi apresentado em Porto Alegre pelos chamados “exibidores itinerantes”, em temporadas, até o advento das primeiras salas permanentes de exibição.

No final do século XIX, Porto Alegre era uma cidade de contrastes. Olavo Amaro da Silveira Neto4 (Cinemas de Rua em Porto Alegre) observa que “os ares sofisticados da Belle Epoque parisiense da Rua da Praia contrastavam com a precariedade da qualidade de vida da população. (…) A cidade ainda não dispunha de água potável canalizada, somente distribuída em poucas ruas centrais, enquanto as demais eram abastecidas por caminhões pipas. A rede de esgoto cloacal também era inexistente até 1908, quando começou a substituir as fossas fixas ou móveis (chamados cubos ou cabungos). (…) No entanto, pelo rio Guayba, chegavam novidades da capital federal e da Europa. Estas novidades fomentavam certa efervescência mundana, pelos salões e bulevares porto-alegrenses.

Para Susana Gastal5 “os divertimentos da população eram a música, o teatro, as agremiações e sociedades, e o cinematógrafo, freqüentado não só por adultos, mas também com sessões especiais para crianças”. Sobre as primeiras projeções na cidade a pesquisadora destaca que as “vistas animadas”, que incluíam títulos como O Bosque de Boulogre, a Dança Serpentina e A Chegada do Trem na Estação de Lyon, continham a grande vantagem do cinematógrafo em relação a outros aparelhos, porque ele possibilitava tanto a filmagem como a exibição das fitas. Sobre a primeira casa com destinação específica para o cinema, o Recreio Ideal, Susana Gastal transcreve em seu livro5 uma nota de jornal na época: “O salão está muito bem preparado e tem grande número de cadeiras, sendo os trabalhos de cenografia executados pelo conhecido cenógrafo Alfredo Tubino. O aparelho cinematográfico é, sem dúvida, o melhor que até agora veio a esta capital, não se notando nas projeções a mínima trepidação.

A versão de Cristiano Zanella sobre a primeira sessão de cinema (The End – Cinemas de Calçada em Porto Alegre (1990-2005) 6 está assim formulada: “em 05 de novembro de 1896, o cinema chega a Porto Alegre! A primeira exibição de filmes da história da cidade incluía títulos documentais, como O bosque de Bologne, A dança serpentina e A chegada do trem na estação de Lyon, projetados através da “última descoberta de Edison”: “Com um aparelho chamado Scenomotographom em 05 de novembro de 1896, na Pharmacia Jouvin, localizada na Rua da Praia, Francisco de Paola e Dewison exibiram as primeiras imagens animadas para os porto-alegrenses”. RECHENBERG; GOELLNER; CAPARELLI, in: HAUSSEN (org.) 2000, p. 286 e 287.

Zanella registra que a implantação da energia elétrica ensejou considerável impulso para a atividade cinematográfica na cidade e a implantação das primeiras salas de exibição permanente. Nas primeiras duas décadas do século XX, observa-se a expansão das salas de cinema em direção aos bairros, seguindo os caminhos das linhas dos bondes. “Nas primeiras décadas de cinema em Porto alegre, viu-se uma grande rotatividade de salas. Este fato vem a demonstrar a incipiência de um mercado que, embora muito promissor, renova-se incessantemente devido às constantes descobertas tecnológicas que tornavam obsoletas salas recém inauguradas. Por outro lado, o cinema ainda não havia encontrado seu público fiel: por esse motivo, grande parte dos espaços de exibição funcionavam como cine-teatro prática que se estenderá, com menor intensidade, até a década de 60. – RECHENBERG; GOELLNER; CAPARELLI, in: HAUSSEN (org.) 2000, p. 271.” 7

AS SALAS DE CINEMA

Os pesquisadores Olavo Amaro da Silveira Neto4 e Susana Gastal5 relacionaram em seus trabalhos um grande número de informações sobre a cronologia das salas de cinema de Porto Alegre. Webpoa registra algumas dessas informações: o ano de inauguração, o local e a tipologia das salas de cinema. O caráter de transitoriedade de algumas delas, pela efemeridade de sua existência, pode ter como explicação a necessidade de adaptação a novas tecnologias.

SalaAnoLocalLegenda
Recreio Ideal1908Rua da Praia1, 2
Recreio Familiar1908Rua da Praia1
Rio Branco1908Rua da Praia1, 2
Berlim1908Rua da Praia1, 2
Variedades1908Rua da Praia1, 2
Recreio Moderno1908Demétrio Ribeiro1,2
Smart Salão1909Rua da Praia1, 2
Odeon1910Rua da Praia1, 2
Cine Theatro Coliseu1910R.Voluntários da Pátria1, 2, 7
Royal1910Rua da Praia1, 2
Parisiense Salão1911Rua da Praia1, 2
Familiar1911Rua da Azenhal
Cinema Avenida1912Rua General Câmara1, 2, 8
Cosmopolita1912Av. Germânia1, 2
Democrata1912Rua São Pedro1, 2
Força e Luz1912Av. Pres. Roosevelt1, 2
Nollet1912Rua João Alfredo1, 2
Cine Teatro Guarany1913Rua da Praia1, 2, 8
Garibaldi*Av. Venâncio Aires1, 2, 9
Brazil1913Rua João Alfredo1, 2
Íris (depois Selecto)1913Rua da Praia1, 2
Cinematógrafo Hirtz1913Av. Independêncial
Cine Teatro Apollo1914Av. Independência1, 2, 8, 4
Cinema Colombo1914Av. Cristovão Colombo1, 2,8
Cinematografo Noivo1914 1, 2
Ponto Chic1914Av. Pres. Roosevelt1, 2
Cinema Hélios1915Rua São Pedro1, 2
Petit Cassino1916Rua da Praia1, 2,8
Royal1916Bairro Parthenonl
Cine Theatro Selecta1916Rua da Praial
Cine Theatro Tales1917Av. Pres. Roosevelt1, 2
CineTheatro Carlos Gomes1917Pc da Alfândega1, 2
Centro Cathólico1917 1, 2
Cine Maravalha1917Bairro Tristeza1, 2
Cinema Orion1918Av. Bonfim1, 2
Cinema Vênus**Av. Pres. Roosevelt1, 2
Cinematógrafo Teresópolis1918Bairro Teresópolis1, 2
Cinema Édem191? l
Cine Palais (Palácio) 1920Rua Coronel Genuíno1, 2, 8
Cinema Central 1921Rua da Praia1, 2, 7
Cinema Recreio     1921Rua Barão do Triunfo1, 2
Cine Theatro República1922Rua Sete de Setembro1, 2
Cine Orpheu 1923Rua Benjamin Constant1, 2, 8
CineTheatro Carlos Gomes1923Rua Vigário José Inácio1, 2, 8
Cinema América 1923Rua Venâncio Aires1, 2
Cinema Mont Serrat 1923 1, 2
Cinema Avenida 1923Av. João Pessoa1, 2, 7
Cine Teatro Centenário  1923Rua Vigário José Inácio l, 8
Cine Teatro Navegantes  1923Av. Cairu1, 2, 7
Cine Teatro Moderno   1924Rua Siqueira Campos  1, 2
Pavilhão Elegante 1924 1, 2
Salão Glória 1924Av. Oscar Pereira  1, 2
Cinema Gioconda 1925Av. Wenceslau Escobar 1, 2, 9
Cine Theatro Capitólio 1928Rua Demétrio Ribeiro1, 2, 7
Cinema Colombo 1928Av. Cristovão Colombol, 8
Cinema Ypiranga 1928Av. Cristovão Colombo 1, 2, 8
Cine Teatro Petersen 1928Caminho do Meio l, 4
Cinema Rosário 1928Av. Cristovão Colombo1, 2
Cine Teatro Real   1928Av. Assis Brasill, 7
Cinema Rio Branco 1929Av. Protásio Alves1, 2, 8
Cine Theatro Variedades 1929Rua Andrade Neves1, 2
Cinema Popular São João1930Av. Benjamin Constant1, 2, 8
Cinema Imperial 1931Rua da Praia   1, 2, 5
Cine Teatro Baltimore 1931Av. Bom Fim1, 2, 4
Cinema Rex 1936Rua da Praia1, 2, 8
Cinema Roxy 1938Rua da Praia1, 2
Cinema Castello 1939Av. da Azenha1, 2, 4
Cinema Rosário 193?Av. Assis Brasil  l
Cinema Vera Cruz 1940Av. Borges de Medeiros1, 2, 5
Cinema Petrópolis 1940Rua João Abott1, 2
Cinema Cruzeiro 1942Av. Benjaminl, 3
Cinema Brasil 1943Av. Bento Gonçalves1, 2
Cinema Eldorado 1943Av. Benjamin Constant1, 2
Cine-teatro Riviera (Talia)1943Av. Presidente Roosevelt  l
Cinema Rival 1944 1, 2
Cinema Marabá  1947Rua Coronel Genuíno  1, 2, 5
Cinema América 1947Av. Assis Brasil1, 2, 4
Cinema Baluarte 1947Av. Assis Brasil1, 2
Cinema Ritz 1948Av. Protásio Alves1, 2, 4
Cinema Cristo Redentor  1948Av. Assis Brasill
Cinema Anchieta 1948 1, 2
Cinema Continente 1951Av. João Pessoa1, 2
Cinema Miramar 1952Av. Aparício Borges1, 2, 4
Cinema Vila Jardim 1952 1, 2
Cinema Oásis 1953Rua Barão do Triunfo1, 2
Cinema Vitória1953Av. Borges de Medeirosl, 5
Teatro de Bolso Palermo 1953Rua 7 de Setembro1, 2
Cinema Marrocos 1953Av. Getúlio Vargas  1, 2, 6
Cine Teatro Teresópolis 1953Av. Teresópolis1, 2, 6
Cinema Rex 1954Av. Assis Brasil  l
Cinema Rey 1954Av. Assis Brasil1, 2
Cine Art 1954Bairro Belém Novo1, 2
Cinema Estrela 1955Estrada do Forte1, 2
Cinema OK 1955Av. Assis Brasil1, 2
Cine Teatro Continente 1956Av. Borges de Medeiros1, 2, 5
Cine Popular Cinemascote 1956 1, 2
Cinema Tamoio 1957Av. Cavalhada1, 2, 9
Cinema Medianeira 1957Av. Medianeira  1, 2
Cinema Cacique 1957Rua dos Andradas1, 2, 5
Cinema Pirajá  1957Av. Bento Gonçalves1, 2
Cinema Belgrano 1957Bairro Belém Novo1, 2
Cinema Paquetá  1957Vila São José1, 2
Cinema Mônaco 1958Av. Osvaldo Aranha1, 2
Cine Teatro Presidente 1958Av. Benjamin Constant1, 2, 6
Cinema Ipanema 1958Av. Flamengo1, 2
Cinema Nirvana 1959Av. Ceará1, 2
Cinema Sarandi 1959 1, 2
Cinema Vogue1959Av. Independência1, 2, 5
Cinema Ceará 1960Av. Ceará l
Cine Atlas 1960Av. Protásio Alves1, 2, 3
Cinema Roma 1960Bairro Azenha1, 2, 5
Cinema Piratini 1960R. Vicente da Fontoura 1, 2
Cinema Alvorada 1960Av. Carlos Barbosa1, 2
Cinema Brasília1960 Rua Barão do Triunfol
Cinema Rex 1960Rua Sete de Setembro 1, 2, 9
Cinema Dom Bosco 1961 1, 2
Cinema Rivoli1961Rua 7 de Setembro1, 2
Cinema Moinhos de Vento 1961Av. 24 de Outubro1, 2, 5
Cinema Arco Iris 1961 1, 2
Cinema Savic 1961Vila dos Comerciários  1, 2
Astor1963Av. Benjamin Constantl, 7
Cinema Coral1966Av. 24 de Outubrol, 5
Cinema São João 1968Av. Salgado Filho1, 2, 5
Cine ABC 1969Av. Venâncio Aires l, 9
Cine Teatro Real 1969Av. Assis Brasil 1, 2, 5
Cinema Premiére1969Rua Demétrio Ribeirol, 7
Cinema Regente1970 1, 2
Cinema Scala 1970Rua da Praia1, 2, 5
Cinema Lido 1970Av. Borges de Medeirosl, 5
Cinema Mini Baltimore  1970Av. Osvaldo Aranha  1, 2, 10
Park Auto Cine 1970Bairro Ipanema1, 2
Cinema Açores    1974Av. Protásio Alves   1, 2
Cinema Britou 1975Av. Osvaldo Aranha  l, 10
Cinema Áurea 1980Av. Júlio de Castilhos  1, 2, 7

LEGENDAS:

1 – Cinemas de Rua em Porto Alegre – Do Recreio Ideal (1908) ao Açores (1974). Dissertação de Olavo Amaro da Silveira Neto (mestrado) – Orientação de Fernando Freitas Fuão – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura, Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, RS, 2001.

2 – Salas de Cinema – Cenários Porto-alegrenses, de Susana Gastal (texto) e Eduardo Aigner (fotos), Unidade Editorial, Porto Alegre, RS, 1999.

Classificação de Olavo Amaro da Silveira Neto quanto a tipologia das salas de cinema

3 – Déco de Esquina – Edificação art-déco, anterior ao movimento moderno, onde predominam as linhas retas e a geometrização da fachada. Caracterizam este tipo, a sequência de cheios e vazios, o ritmo de elementos retos apostos à fachada e o escalonamento da platibanda. Localizado em esquina, o acesso pode se dar tanto pela esquina como pela fachada de menor dimensão. Internamente a sala comporta platéia e eventualmente um balcão ao fundo e um nível de galeria lateral, negando as ordens de frisas e camarotes.

4 – Déco Meio de Quadra – Edificação art-déco, pró-modernista, localizada em meio de quadra de quarteirão, com predomínio de linhas retas e geometrização da fachada. Caracterizam este tipo a seqüência de cheios e vazios, o ritmo de elementos retos apostos à fachada e o escalonamento simétrico da platibanda, referência aos frontões dos cinemas palácios. O acesso normalmente se dá por abertura central na fachada.

5 – Edifício de Uso Misto – Sala de cinema situado no pavimento térreo de edificação em altura, de uso predominantemente residencial. O acesso do cinema é diferenciado do acesso residencial, graças à permeabilidade da fachada, obtida através de marquises, escadarias e colunas.

6 –Cinema Modernista – Sala de cinema apropriando-se de elementos de linguagem e princípios compositivos validados pelo Movimento Moderno. Predominam neste tipo as superfícies limpas, sem aposição de elementos decorativos, desaparecendo frontões e planos inclinados de cobertura visíveis em fachada. Também é negada a simetria do projeto, tanto em planta baixa como em fachada.

7 – Palácio de Esquina – Edificação de grande porte, situada em esquina de quarteirão. Utiliza elementos tipo-morfológicos tomados emprestados dos grandes teatros: pórticos, base rusticada, piano nobile, coroamento por frontões. Sobre a fachada são aplicados elementos decorativos de inspiração clássica, barroca, étnica ou folclórica. A edificação geralmente comporta platéia e duas a três séries de balcões e camarotes.

8 – Palácio de Meio de Quadra – Comporta características semelhantes ao Palácio de Esquina, mas neste caso situado em meio de quarteirão. A fachada é normalmente simétrica, com ênfase no acesso principal central, configurando as aberturas térreas laterais como saída das sessões. Internamente, da mesma maneira que os palácios de esquina, a sala geralmente comporta platéia e duas a três séries de balcões e camarotes.

9 – Cinema Simples – Sala “de calçada” extremamente simples, sem adoção de linguagem arquitetônica específica, nem referência historicista, caracterizada na fachada por uma porta central de acesso, uma bilheteria e eventualmente uma porta de saída. O conjunto é coberto por uma marquise reta e uma platibanda ocultando o telhado. Normalmente construídos nos bairros populares, caracterizavam-se pela programação de reprises, programas duplos e filmes de segunda linha.

10 – Sala Subdividida –- Salas de cinema construídas a partir da divisão de uma sala de grande porte (qualquer um dos tipos 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Normalmente são criadas duas salas, seja pela divisão da platéia (Cinemas Avenida 1 e 2), seja pelo fechamento do mezanino ou balcão (Cinemas Cacique e Scala).

* Olavo Amaro da Silveira Neto registra como o ano de inauguração 1913. Susana Gastal, 1914.

** Olavo Amaro da Silveira Neto registra como o ano de inauguração 1918. Susana Gastal, 1920.

FONTES:

Trusz, Alice Dubina, Entre Lanternas Mágicas e Cinematógrafos, Editora Terceiro Nome, 2010 – Vencedora da categoria Tese de Doutorado da primeira edição do Prêmio SAV para Publicação de Pesquisa em Cinema e Audiovisual (2009-2010), investiga as práticas comerciais do cinematógrafo para fins de entretenimento, desde a sua introdução na cidade, em 1896, até a abertura das primeiras salas permanentes especializadas na exibição cinematográfica, em 1908.

2Bonow, Stefan Chamorro, O cinema em Porto Alegre (1910-1914).  Uma força irresistível.  (Dissertação, Mestrado em História) Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da PUCRS, 2005, Porto Alegre.

3Franco, Sérgio da Costa, Guia Histórico de Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2006, Pg. 111 e 112.

4Cinemas de Rua em Porto Alegre – Do Recreio Ideal (1908) ao Açores (1974). Dissertação de Olavo Amaro da Silveira Neto (mestrado) – Orientação de Fernando Freitas Fuão – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura, Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. Porto Alegre, RS, 2001.

5Salas de Cinema – cenários porto-alegrenses, de Susana Gastal (texto) e Eduardo Aigner (fotos), Unidade Editorial, Porto Alegre, RS, 1999.

The End: cinemas de calçada em Porto Alegre (1990-2005), de Cristiano Zanella, Ed. Idéias a Granel, Porto Alegre, 2006, pg. 24

Idem, pg. 28